Um pouco pra direita. Não, foi muito! Esquerda. Esquerda. Pára! Não, não, um pouquinho mais pra baixo. Isso!!! Coça, coça!!! Ahhh!!! Por que parou? Agora que tava ficando bom! Só mais um pouquinho, por favor!
Era sempre assim quando desesperadamente meu nariz começava a coçar. Loucura total. Meus braços, até então sem movimento algum, lutavam para realizar tal façanha. Sem sucesso. Cabia a qualquer pessoa que se aproximasse aliviar minha “agonia”.
Quando meu tio Manel chegava era outro momento de “bora, levanta bracinho!”. Devia ter uns cinco dias de lesão, ele veio todo alegre: “Cadê a benção do tio?”; para a surpresa da minha prima Gaby: “pai! Paulinha não tá mexendo o braço!”. Calma, ainda não estávamos acostumados com isso.
Realmente, era algo surreal. Ainda me pego achando tudo isso muito estranho. Só sei que eu conseguia me divertir quando tentavam abrir uma garrafa de água e debochava – “me dá que eu abro.” – prontamente a garrafa era estendida e ficavam os dois a dar risada.
Cerca de um mês depois, ainda no Sarah centro em Brasília, o braço direito começou a se manifestar. Comecei a dar a mão quando o tio pedia benção e também comecei a me esmurrar. Não, não era nenhuma manifestação de revolta, e sim a tentativa de me coçar. Até ter uma boa coordenação motora, apanhei muito! E mais uma vez, rendia boas risadas.
O braço esquerdo permanecia na dele e se tentavam mexer doía. Um exame mostrou que um músculo no ombro estava pinçado. A espacidade no braço era tão forte que ele não estendia, e o bíceps estava encurtando.
De qualquer maneira começaram os exercícios para os membros superiores. O mais chato, porém necessário, minha mãe apelidou de múmia. Órteses para esticar os braços, sobe e desce com pesinhos. Tedioso, mas ajudou muito.
Com o braço melhorzinho, a próxima etapa foi aprender a comer só. Nesse eu me empenhava, é chato demais receber comida na boquinha. No começo é legal, só na folga, mas enjoa. Tem hora que se quer aquele pedaço de carne.
Treinei bastante até conseguir colocar o garfo na boca. Só que a tarefa era feita com colher, se não fosse por isso e pelo colar cervical teria furado até o meu pescoço.
Essas melhoras aconteceram nos três primeiros meses, ainda internada no Sarah centro. Muita coisa está evoluindo, mas isso eu conto depois!
Mas antes de me despedir quero dar um testemunho. Hoje à tarde, algumas senhoras vieram rezar o terço aqui em casa. E Nossa Senhora me deu um presente, um sinal da graça que Deus realiza em minha vida. Durante todo o terço senti muita dor em todo meu braço direito, mais ainda no punho e dedos. Para mim isso tem um significado enorme porque eu não sentia dor. É uma alegria tremenda sentir dor!!!
Glória a Deus! Sempre, sempre! Peça ao Filho que o Pai atende! Creio nisso e espero no Senhor. Por isso eu digo, confie em Deus que é amor e nunca nos abandona!
Paz e bem!